Teorias no Domínio da Educação a Distância

Da leitura da apresentação, cedida na UC, sobre as teorias no domínio da EaD, saiu este resumo:

O livro “Foundations of Distance Education” (1986), de Desmond Keegan foi uma das primeiras obras a apresentar uma sistematização do pensamento teórico no domínio da educação a distância:
  • Teoria da Industrialização;
  • Teorias da Autonomia e da Independência;
  • Teoria da Interacção e da Comunicação.

Teoria da Industrialização

Peters identifica características dos processos de produção industrial que considera estarem presentes nos sistemas de ensino a distância e que justificam a sua perspectiva de que o ensino a distância é um produto da sociedade industrializada.
O autor abordou a "divisão de tarefas", criação de “linhas de montagem”, “produção em massa”, "planeamento", “objectivação do processo produtivo”,segundo o conceito, a aplicação ao processo industrial e a aplicação a EaD.

Teorias da Autonomia e da Independência

Rudolf Manfred Delling focaliza a sua análise quase exclusivamente na autonomia e na independência do estudante, minimizando o papel das organizações educacionais e do professor e defende a expressão “estudo a distância” em detrimento de “educação a distância” ou “ensino a distância”.

Charles Wedemeyer refere que a aprendizagem é um processo natural, idiossincrático, contínuo e fundamental para a sobrevivência humana e a educação deve promover um aprendiz autónomo e independente. As instituições de ensino tradicionais tendem muitas vezes a acentuar a dependência dos alunos em relação a elas próprias e aos professores. As situações de aprendizagem não-tradicionais são normalmente mais propiciadoras de uma aprendizagem autónoma e significativa mas também algo estigmatizada. Difunde o conceito de “back door learning”. Propôs a “Teoria da distância transacional” inicialmente designada por “Teoria do estudo independente”. Incluiu uma componente de classificação dos programas de ED de acordo com duas dimensões: (i) o grau de autonomia concedido ao aprendiz e (ii) a distância transaccional entre aluno e professor. A distância transacional pode ser analisada considerando dois aspectos: (i) a extensão do diálogo entre professor e aluno e (ii) a rigidez/flexibilidade da estrutura do curso.
 O conceito de “independência” de Moore assume duas vertentes distintas: a autonomia ou auto-determinação do aprendiz e o não-constrangimento referente aos momentos e espaços de estudo.

Farhad Saba parte da teoria de Michael Moore para analisar o impacto que os sistemas integrados de telecomunicações podem ter nos níveis de “diálogo” e  de “estrutura” que condicionam a “distância transacional”. Introduz o conceito de “contiguidade virtual”. Defende o recurso aos princípios da “dinâmica de sistemas” como forma de análise e modelação de conceitos no domínio da educação a distância.

John Verduin e Thomas Clark partem da teoria da distância transacional de Michael Moore. Adoptam a expressão “distance learning” em detrimento da expressão “distance education”. Consideram três dimensões na análise e caracterização das situações e contexto de aprendizagem: (i) diálogo/suporte (ii) estrutura/competência especializada (iii) competência geral/autodeterminação.

Teoria da Interacção e da Comunicação

Borge Holmberg introduz o conceito de “guided didactic conversation”. Considera que a “guided didactic conversation” pode ser “real” (geralmente mediatizada e podendo ser síncrona ou assíncrona) ou “simulada”. Partindo do conceito de “conversação didáctica guiada”, perpsectivada como um modelo de comunicação que promove o sentimento de “pertença” e gera uma motivação acrescida, propõe uma teoria do ensino a distância que considera permitir a formulação de hipóteses e a sua testagem empírica.

David Sewart introduz o conceito de “continuity of concern”. Valoriza de forma clara a importância dos sistemas e estratégias de apoio ao estudante a distância. Realça as consequências decorrentes da ausência do “grupo turma” o qual considera representar um potencial de interacção entre estudantes referente aos conteúdos académicos e um “padrão” relativo ao qual o aluno individual pode confrontar-se.

Para John Daniel os sistemas de ED têm que incluir actividades “independentes” e actividades “interactivas” (presenciais ou não, síncronas ou assíncronas). O balanço entre as actividades “independentes” e “interactivas” tem fortes implicações na estrutura de custos da formação a distância. As actividades interactivas têm funções de socialização e de feedback, sendo esta última considerada absolutamente crucial na ED. Realça a importância do pacing (ritmo de estudo/aprendizagem pré-determinado) no qual considera que as instituições de ensino têm responsabilidades.

D.R. Garrison reforça a ideia da existência de duas perspectivas diferentes nas abordagens à educação a distância: (i) uma centrada na questão do acesso à educação e outra (ii) centrada nos aspectos qualitativos da transacção educacional. Introduz o conceito de “learner control”. Perspectiva o “learner control” mais como uma noção de “interdependência entre professor e alunos” do que uma “independência” por parte do aluno. O pensamento de Garrison, tem que ser perspectivado num cenário de desenvolvimento tecnológico que permite situações frequentes de interacção, enfatizando a importância da comunicação pessoal e em pequeno grupo.

Desmond Keegan reconhece como traço central da ED a separação entre os “actos de ensino” e os “actos de aprendizagem” separação essa que tem que ser ultrapassada recriando artificialmente a integração entre estes processos. Em termos de educação, o conceito de “intersubjectividade” é central. A reintegração dos actos de ensino implica  materiais de ensino especificamente desenhados e a existência de situações de comunicação bidirecional. Chama a atenção para a actual possibilidade de criar cenários de formação face-to-face at a distance.

Gomes, Maria João (2010). Teorias no Domínio da Educação a Distância. Disponível em http://elearning.uminho.pt/webapps/portal/frameset.jsp?.... Acedido a 03.02.2011

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